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Estrelas - uma Saga Cósmica

Como é a Vida das Estrelas - Parte 2

Na parte 1, mostramos como as estrelas nascem. Como vimos, o nascimento de uma estrela é um processo fascinante que se desenrola em "berçários estelares", regiões do espaço, ricas em gás e poeira.  A jornada desde o início, até a formação de uma estrela completa, é um caminho épico, marcado por colapsos gravitacionais e turbulências.

 

Tudo começa com o surgimento de uma “Protoestrela”, uma espécie de estrela em formação. Finalmente, em algum momento nesse processo, bem no coração da Protoestrela, uma bola de fogo, a milhões de graus, se acende iniciando a fusão. Enfim temos uma estrela

Estrelas: Uma Jornada de Equilíbrio

Uma estrela como uma grande bola de fogo no espaço. Essa bola de fogo precisa de combustível para brilhar, e esse combustível é o hidrogênio.

No coração da estrela, o hidrogênio se transforma em hélio, liberando uma quantidade enorme de energia na forma de luz e calo.

 

Quando uma estrela começa a queimar hidrogênio, ela entra em uma fase muito importante chamada "sequência principal".

No momento em que a estrela entra na sequencia principal (explicaremos com mais detalhes, adiante), é como se a estrela encontrasse um equilíbrio perfeito: a energia que ela produz a impede de desabar sobre si mesma, e a gravidade a impede de explodir.

Como Funciona essa “jornada de equilíbrio”?

Como funciona o equilíbrio, que mantem a estrela na sequencia principal?

  • Mais energia, mais expansão: Se a estrela começa a produzir muita energia, ela aumenta de tamanho, como um balão que você enche de ar.

  • Expansão, resfriamento: A expansão causa o resfriamento do gás interno, reduzindo a produção de energia. A produção de energia diminui automaticamente

  • Equilíbrio perfeito: Esse ciclo de ajuste, leva a um equilíbrio estável entre a gravidade e a pressão interna, conhecido como equilíbrio hidrostático, permitindo que a estrela permaneça em uma fase estável por um longo período.

Esse processo, mantém a estrela estável por milhões ou bilhões de anos!

 

Essa fase, na qual a estrela passa a maior parte de sua existência, é chamada de sequência principal, que veremos detalhadamente, mais à frente.

Modelo de uma Estrela, comprimida pela Gravidade, e expandida pela Fusão Nuclear

O Tamanho da Estrela importa

O tempo de vida da estrela (que depende do equilíbrio hidrostático), é inversamente proporcional ao seu tamanho.

Estrelas Grandes vs. Estrelas Pequenas

 

  • Estrelas grandes precisam queimar muito mais hidrogênio para equilibrar a força gravitacional e mantê-las estáveis. Isso significa que estrelas maiores brilham com mais intensidade, e consomem seu combustível nuclear muito mais rápido. Como consequência, embora sejam extremamente luminosas, sua vida útil é curta.

 

  • Estrelas pequenas queimam hidrogênio mais lentamente, então elas brilham menos e vivem muito mais tempo.

Agora faremos uma descrição mais técnica sobre a vida das estrelas, com exemplos e analogias, para tornar o conteúdo mais didático.

UY Scuti.png

Uma das maiores estrelas (UY Scuti) versus o Sol

A ciência por trás....

​​Desvendando os detalhes do Diagrama de Hertzsprung-Russell (H-R)

Antes de explicar o que é a sequência principal, é importante entender, o Diagrama de Hertzsprung-Russell, criado por Ejnar Hertzsprung e Henry Norris Russell  

O que é o Diagrama de Hertzsprung-Russell?

O Diagrama de Hertzsprung-Russell (H-R) é um gráfico fundamental em astronomia, e serve para organizar e entender as estrelas.

O Diagrama de Hertzsprung-Russell, organiza as estrelas com base em suas propriedades físicas, e tem duas características principais: 

 

  • luminosidade (ou magnitude absoluta) e,

  • temperatura efetiva (ou tipo espectral).

Ele foi desenvolvido independentemente por dois astrônomos: Ejnar Hertzsprung (em 1911) e Henry Norris Russell (em 1913).

Como funciona o Diagrama (H-R)

  • Eixo Horizontal (X) – Temperatura da estrela (ou Tipo Espectral)

Mostra a temperatura da estrela (como mostra a figura).

Muito importante! No diagrama, a temperatura diminui da esquerda para a direita. Isso significa que as estrelas mais quentes (azuis) estão à esquerda, e as mais frias (vermelhas) estão à direita.

  • Eixo vertical (Y): Luminosidade (ou Magnitude Absoluta)

Mostra a luminosidade, ou seja, o brilho da estrela em comparação com o Sol.

Estrelas mais luminosas estão no topo do diagrama, enquanto as menos luminosas estão na parte inferior.

 

Diagrama HR_1.png

Outros Grupos:

Além da Sequência Principal, o diagrama inclui outras regiões notáveis, como as gigantes vermelhas (acima da Sequência Principal), supergigantes (acima das gigantes vermelhas), e anãs brancas (canto inferior esquerdo)

Indo além do Diagrama H-R

O diagrama H-R, foi criado por volta de 1910, então, ao longo do tempo e, com o avanço da tecnologia, foram criadas novas especificações ao diagrama H-R, melhorando ainda mais, a abrangência e precisão do diagrama.

Sistema Harvard de Classificação Estelar

Criado por Annie Jump Cannon, no início do século passado, adicionou a  sequência O, B, A, F, G, K e M, que agrupa estrelas em termos de cor aparente e temperatura efetiva/superficial. 

O Sistema Harvard organiza as estrelas em grupos, como se fossem prateleiras de cores, usando as letras O, B, A, F, G, K e M:

  • O, B, A: Estrelas azuis e muito quentes.

  • F, G: Estrelas amarelas, como o nosso Sol, com temperaturas médias.

  • K, M: Estrelas vermelhas e mais frias.

 

Além das letras, cada grupo tem números de 0 a 9, como se fossem "subtons" de cor.

Por exemplo, G2 é um tipo específico de estrela amarela, como o nosso Sol.

No entanto, esse esquema de classificação não descreve completamente a estrela, pois não consegue distinguir entre estrelas com a mesma temperatura, mas luminosidades diferentes . Em outras palavras, não consegue distinguir entre estrelas da sequência principal (anãs), estrelas gigantes e estrelas supergigantes.

Classe de Luminosidade Morgan-Keenan: Tamanhos das Estrelas

O Sistema Harvard é ótimo para cores e temperaturas, mas não nos diz o tamanho das estrelas. Para isso, usamos a Classe de Luminosidade Morgan-Keenan, que adiciona números romanos ao Sistema Harvard:

  • V: Estrelas "normais", como o nosso Sol.

  • III: Estrelas gigantes, bem maiores que o Sol.

  • I: Estrelas supergigantes, as maiores de todas.

Diagrama HR_2.png

Diagrama H-R modificado

(Sistema Havard de Classificação Estelar)

Spectrall Class.png

Classe Spectral , referenciando o tamanho  e cor das estrelas

Juntando Tudo: A "Identidade Completa" de uma Estrela

Quando combinamos o Sistema Harvard e a Classe de Luminosidade Morgan-Keenan, temos a "identidade completa" de uma estrela. Por exemplo, o nosso Sol é um G2V:

  • "G2" nos diz que é uma estrela amarela com uma certa temperatura.

  • "V" nos diz que é uma estrela "normal", de tamanho médio.

Em resumo:

  • O Sistema Harvard nos dá a "cor" e a temperatura da estrela.

  • A Classe de Luminosidade Morgan-Keenan nos dá o "tamanho" da estrela.

  • Juntos, eles nos ajudam a entender melhor as estrelas que vemos no céu.

A ciência por trás....  Aprofundando e exemplificando

O exemplo de classificação acima (Sol (G2V), embora correto, para um iniciante não diz muita coisa.

Então vamos esmiuçar, até não haver mais qualquer dúvida.

Classificação do Sol: G2V

Essa notação segue o sistema de classificação espectral de Morgan-Keenan (MK), que categoriza estrelas com base em sua temperatura, luminosidade e tipo espectral.

1. Letra "G" – Tipo Espectral (Temperatura) - Indica que o Sol é uma estrela da classe G, caracterizada por:

  • Temperatura superficial: ~5.200–6.000 K (o Sol tem ~5.772 K).

  • Cor: Amarela-esbranquiçada (embora muitas vezes pareça branca no espaço).

  • Linhas espectrais proeminentes: Fortes linhas de hidrogênio e metais ionizados (como cálcio e ferro).

 

2. Número "2" – Subclasse (Precisão de Temperatura) - A escala vai de 0 a 9, onde:

  • G0: Mais quente dentro da classe G.

  • G9: Mais fria dentro da classe G.

O Sol é G2, ou seja, está mais próximo do extremo quente da classe G, mas não tanto quanto uma estrela G0.

 

3. Letra "V" – Classe de Luminosidade (algarismo Romano) - Indica que o Sol é uma estrela da sequência principal (queima hidrogênio no núcleo). Outras classes incluem:

  • I (supergigantes)

  • III (gigantes)

  • V (anãs da sequência principal, como o Sol)

  • VII (anãs brancas)

"V" = Anã amarela: Termo popular, embora o Sol seja tecnicamente branco no espaço.

 

Resumo das Características do Sol (G2V):

  • Tipo: Estrela da sequência principal (queima hidrogênio).

  • Temperatura: ~5.772 K.

  • Cor: Branco-amarelado (pico no espectro visível).

  • Idade: ~4,6 bilhões de anos.

  • Massa: 1 massa solar (M⊙M⊙​).

  • Luminosidade: 1 luminosidade solar (L⊙L⊙​).                                                  - simbolo (em relação ao Sol) - O Sol é a referência padrão

Classificação de Betelgeuse: M2Iab

1. Letra "M" – Tipo Espectral (Temperatura)Indica que Betelgeuse é uma estrela da classe M, caracterizada por:

  • Temperatura superficial: ~2.400–3.700 K (Betelgeuse tem ~3.500 K).

  • Cor: Vermelha intensa (típica de estrelas frias).

  • Espectro: Linhas fortes de óxidos moleculares (TiO, VO) e metais neutros.

  • Estágio evolutivo: Estrelas M são geralmente gigantes vermelhas ou supergigantes (como Betelgeuse).

2. Número "2" – Subclasse (Precisão de Temperatura)A escala vai de 0 a 9 dentro da classe M:

  • M0: Mais quente (~3.700 K).

  • M9: Mais fria (~2.400 K).

3. "Iab" – Classe de Luminosidade - Indica que Betelgeuse é uma supergigante luminosa intermediária:

  • "I": Supergigante (estrelas massivas em estágio avançado).

    • Ia: Supergigantes mais luminosas (ex: Rigel).

    • Iab: Intermediárias (como Betelgeuse).

    • Ib: Menos luminosas.

  • "ab": Refina a luminosidade dentro da classe I.

 

Tamanho colossal: Se colocada no lugar do Sol, sua superfície se estenderia até Júpiter ou além (raio ~1.000x o do Sol).

Resumo das Características de Betelgeuse (M2Iab):

  • Tipo: Supergigante vermelha.

  • Temperatura: ~3.500 K (superfície fria, mas núcleo extremamente quente).

  • Cor: Vermelho profundo (visível a olho nu na constelação de Órion).

  • Massa: ~15–20 massas solares.

  • Luminosidade: ~100.000x a do Sol.

  • Idade: ~8–10 milhões de anos (já no fim da vida).

  • Destino: Explodirá como supernova em até 100.000 anos.

Outros Exemplos do diagrama H-R

 

Estrelas na Sequência Principal (Fusão de Hidrogênio)

As estrelas na Sequência Principal, queimam hidrogênio em seus núcleos, como o Sol. Sua posição no diagrama H-R depende da massa:

  • Sirius A (A1V):

    • Temperatura: ~9.900 K (mais quente e massiva que o Sol).

    • Luminosidade: 25 L☉

    • Evolução: Vira uma gigante vermelha e depois uma anã branca.

  • Proxima Centauri (M5.5V):

    • Temperatura: ~3.000 K (anã vermelha, fria e pequena).

    • Luminosidade: 0,0017 L☉

    • Evolução: Queima hidrogênio por trilhões de anos, quase não muda no H-R.

Estrelas Fora da Sequência Principal

Gigantes e Supergigantes (Fusão de Hélio ou elementos mais pesados)

  • Aldebaran (K5III):

    • Gigante vermelha no Touro.

    • Temperatura: ~3.900 K

    •  Luminosidade: ~500 L☉

 

Anãs Brancas (Restos Estelares) 

  • Sírius B (DA2):

    • Temperatura: ~25.000 K (quente, mas pequena e pouco luminosa).

    • Luminosidade: 0,03 L☉

    • Evolução: Resíduo de uma estrela como Sirius A, esfria

    • lentamente no H-R.

Diagrama HR_3.jpg

As marcações (elipses em vermelho), são a localização no diagrama H-R, dos exemplos dados

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